O Canadá discrimina os trabalhadores pouco qualificados?

Os trabalhadores migrantes jamaicanos em Ontário comparam suas vidas à "escravidão sistemática".

Os trabalhadores agrícolas migrantes jamaicanos escreveram uma carta aberta ao Ministério do Trabalho jamaicano pedindo mais apoio em face do que eles chamaram de "escravidão sistemática". Alguns dias depois disso houve um acidente: um colhedor de tabaco morreu na Berlo's Best Farm, duas horas a sudoeste de Toronto.

Em uma declaração em 16 de agosto, o Ministério do Trabalho jamaicano expressou "profunda tristeza" e disse que o Ministro do Trabalho Carl Samuda visitaria fazendas no Canadá empregando trabalhadores jamaicanos sob o programa Seasonal Agricultural Workers Programme (SAWP). Enquanto isso, o governo canadense estendeu as condolências à família do falecido e acrescentou que a investigação da morte é um assunto provincial.

Os imigrantes jamaicanos escreveram uma carta aberta declarando

"Na sua forma atual, o Programa de Trabalhadores Agrícolas Sazonais (SAWP) é a escravidão sistemática".

Os trabalhadores descreveram condições de vida terríveis: ratos comem sua comida, vivem em quartos superlotados sem privacidade e não têm secadores para secar suas roupas após a chuva.

Em relação às condições de trabalho, os jamaicanos escreveram que eram "tratados como mulas" e punidos por falta de velocidade. Eles também estão preocupados em serem expostos a pesticidas perigosos sem proteção adequada e serem insultados pelos supervisores.

A carta foi publicada no Jamaica Observer. Os trabalhadores disseram ter medo de apelar diretamente ao Ministro do Trabalho jamaicano porque temiam ser expulsos do Programa. Eles também indicaram que os trabalhadores do México e das Filipinas tinham as mesmas queixas.

Santiago Escobar, representante nacional do Sindicato dos Trabalhadores Comerciais e Alimentares Unidos, diz que este é um problema nacional. Ele pediu ao governo federal que fizesse da representação sindical uma condição para a emissão de licenças temporárias aos trabalhadores estrangeiros:

"Com um sindicato, esses trabalhadores poderiam exercer seus direitos trabalhistas e humanos".

Ele também pede ao governo provincial que inclua os trabalhadores agrícolas em suas leis trabalhistas e ofereça aos trabalhadores uma rota flexível para a residência permanente.